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domingo, 19 de dezembro de 2010

Beleza Americana - Análise do Filme

1) Sinopse do filme

Beleza americana é um filme dos Estados Unidos, produzido em 1999, do gênero Drama, que foi dirigido por Sam Mendes. A respeito da trama que se passa no filme, Lester Burham é um homem de 40 anos, aproximadamente, que aparentemente atravessa uma crise de meia idade intensa. Seu relacionamento com Carolyn parece desandar, enquanto Carolyn se esforça para superficialmente apresentar uma imagem de que ela está em pleno controle da sua vida, enquanto por dentro, demonstra se sentir vazia. Sua filha adolescente, Jane é constantemente deprimida, carente de auto-estima. Seus problemas não são ajudados por sua melhor amiga, Angela, uma aspirante à modelo que é muito bonita e acredita que só isso faz dela uma pessoa de valor. Lester passa a sentir um incontrolável desejo por ela, e ela se torna parte de seu plano drástico para mudar seu corpo e mudar sua vida. Enquanto isso, na porta ao lado, o coronel Fitts passou a vida no Corpo de Fuzileiros Navais e não entende ou tolera outra forma de vida, o que dificulta a vida de seu filho Ricky, um aspirante à cineasta e, ao mesmo tempo traficante que está obcecado com a beleza, onde quer e seja ela qual for.

2) Análise do filme

Durante o módulo 04 da disciplina de Antropologia, discutimos, entre outras coisas, sobre as mudanças que ocorreram em relação ao gênero e identidade. A respeito do casamento, observamos que no modelo patriarcal, havia uma clara separação de papéis entre homens e mulheres, no qual os objetivos permeavam principalmente questões ligadas ao fortalecimento das famílias, seu poder econômico e status. Servia à procriação e acreditava-se que o vínculo amoroso aconteceria com a convivência.
Desta forma, a cena a seguir pode ilustrar alguns aspectos, levando em conta que a época a que se refere à conceituação acima descrita e o filme são diferentes:
1h05min – Na mesa de jantar, Jane entra:
- Desculpe o atraso.
- Não há problema, querida. Falávamos do trabalho do seu pai. Por que não conta a ela, querido?
- Jane, pedi demissão. Mandei o patrão à merda e exigi quase $60.000. Passe o aspargo.
- Seu pai acha que deve se orgulhar disso.
- Sua mãe prefere me fazer prisioneiro e manter meu pau em conserva.
- Não fale assim comigo na frente dela. Fico pasma com seu desprezo no dia em que perde o emprego.
- Não perdi. Sei onde está. Eu é que caí fora! Passem o aspargo, por favor.
- Quero agradecer a pressão de eu ser a única provedora agora.
- Estou empregado.
- Não pensa em quem pagará a hipoteca. Deixe com a Carolyn. “Tomará conta de tudo?” “Sim, não me importo.” “Vai assumir toda a responsabilidade?” “Seu marido pode largar o emprego?”
- Podem me passar a porra do aspargo?

Esta cena, tráz em primeiro momento, a idéia de que não é possível separar absolutamente o antigo do novo, uma vez que as mudanças ocorreram por um processo, o antigo foi parte da trajetória do novo, que um dia será antigo também. Ou seja, não existe uma clara ruptura que indique quando as coisas mudaram.
Neste sentido, podemos perceber que as funções atribuídas a cada personagem do casamento foram se modificando, atualmente, como exemplifica o filme, as mulheres passam a participar também como provedoras da vida econômica da casa, e não ficam restringidas aos afazeres domésticos. Podemos ver também, que as relações sexuais passam a ser usufruídas não só para fins reprodutivos, mas para o prazer.
A preocupação econômica continua presente, onde além de a mulher participar mais ativamente nesta questão, também cobra uma postura igualitária, de apoio mútuo, onde um sozinho não fica com toda a responsabilidade de manter a casa.
Ao mesmo tempo, parece que ainda há um legado muito grande do “antigo casamento”, o que é observável nas falas que cobram uma posição de desempenho sexual por serem marido e mulher e pedem que não se fale sobre intimidades na frente de outras pessoas, sem contar que, no filme, a família parece manter o costume de fazer as refeições juntas.
Em relação ao que estudamos a respeito das relações que se modificaram devido a (à) industrialização, vimos que entre as características principais que mudaram foram, conforme o Módulo 04: “a igualdade de status entre mulheres e homens; maior participação feminina nas atividades lucrativas; aumento do controle de natalidade; aumento do número de dissoluções conjugais e diminuição da autoridade paterna”.
Na cena do filme a seguir, é possível encontrarmos uma contrapartida:
32min – Conversa em entre Jane e corretor em uma festa:
- Não lhe diria isso se não estivesse meio tonta, mas eu o admiro muito. Sua firma é o “Rolls-Royce” das imobiliárias locais e o seu recorde de vendas é... É muito intimidante. Sabe, adoraria sentar com você e explorar suas idéias. Se quiser, um dia. Suponho, tecnicamente, que sou uma concorrente, mas não estou me comparando ao seu nível. Não estou.
- Eu adoraria.
- Mesmo?
- Certamente. Ligue e a secretária marcará um almoço.
- Ligarei. Obrigada.

A partir desta cena, podemos traçar uma idéia de que, mesmo com as transformações da participação feminina no mercado de trabalho, existe um patriarcalismo que legitima uma sensação de maior segurança quando o profissional for homem, e que como acontece em alguns casos, o salário de uma mesma função e carga horária é menor para uma mulher e conseqüentemente, um profissional masculino pode ter um status de maior sucesso em carreira do que uma mulher, por um atributo inicialmente de gênero. E que, novamente, mudanças aconteceram, mas não da “água para o vinho”, consiste num processo de mudança que continua acontecendo e provavelmente, nunca pare de se modificar.
1h37min – Jane e Angela no quarto, quando chega Ricki
- Se eu fosse embora hoje, iria comigo?
- O que?
- Se eu fosse para Nova York esta noite, iria comigo?
- Sim.
- Não podem estar falando sério. Você é uma menina e ele, um doente. Vai acabar morando na rua.
- Você é tão menina quanto eu. Usamos a grana da plástica.
- Não precisa. Tenho mais de $40.000. Conheço gente lá que pode ajudar.

Nesta cena, que representa um caso específico de uma espécie de “fuga” para outro lugar, também podemos observar as modificações conjugais mais atuais. É claro que antes disso, também pode ter acontecido de jovens “fugirem” juntos para outros locais. E se isso acontecia, hoje é mostrado que isso pode acontecer.
Levando em conta as relações de “morar junto”, e a busca pelo parceiro ser em função de suas características, de personalidade, conforme citado no módulo 4, a aceitação de uma relação nestes moldes acontecerem é aceita por um lado. Mas punido também, como mostra na cena, vivenciada pela amiga Angela que diz ser uma loucura. Pode ser um caso mais radical do que o comum, contudo, representa que os quesitos principais a serem avaliados em uma relação, são sim baseados nesta nova forma de vivenciar os sentimentos, estejam ligados a uma relação de se viver junto com o outro e de associar o amor à sexualidade.

3) Considerações Finais

O que mais chamou atenção, ao fazer a análise, foi justamente o fato de a história ser contínua, sem ter necessariamente um ponto definido que estabelece onde acaba com um modo de ver e vivenciar algumas coisas. Mas, que as mudanças acontecem gradativamente, contando com uma série de aspectos que podem incluir desde fatores considerados mais externos como a industrialização, ou mais próximos como o modo de vivenciar uma relação a dois.
Talvez a maior dificuldade em fazer a análise de alguma situação, seja estar consciente de que este é apenas um pedaço da história. De que as cenas, por exemplo, foram um recorte da sociedade, que passa por mais o recorte de quem deseja analisar. Isto remete a que a exatidão, ou o desejo de generalizar se afaste cada vez mais, pois, pode ser que o fato observado e que recebeu mais atenção, pode ter sido uma exceção.
Ou ainda, que, retomando o filme, em uma casa pode estar acontecendo coisas, que são tidas como atuais, como a aceitação de uma traição, o largar de um emprego para viver, enquanto na vizinha pode se vivenciar ainda, um modo tradicional e rígido. Neste ponto, parece ser mais difícil manter a fidedignidade com os fatos que acontecem na sociedade em geral.
Todavia, as buscas pela reflexão e por compreender como os acontecimentos se tornam história, e influenciam uma série de questões em milhares de pessoas, são extremamente válidas, e em frente as dificuldades encontradas, o aprimoramento e a continuação nestas buscas se faz mais necessário ainda.

4) Referências
Autor Desconhecido. Beleza Americana: Sinopse. Disponível em: < hl="pt-BR&langpair="en|pt&u="http://www.fandango.com/americanbeauty_v180738/summary">. Acesso em: 05 dezembro 2010.
Beleza Americana. MENDES, S. Estados Unidos: DreamWorks SKG e Jinks/Cohen Company. 1999.
MAZZUCO, E. Apostila de Antropologia – Módulo 04. Itajaí: Universidade do Vale do Itajaí, 2010.


Daiana Cristina Rauber - Antropologia. II Período de Psicologia

Pescador de Ilusões - Análise do Filme

Pescador de Ilusões

Contexto

Pescador de Ilusões é um filme produzido em 1991, dirigido por Terry Gilliam, nos Estados Unidos da América. A trama se apresenta num meio urbano – cidade de Nova York – por volta da década de 80. Retrata algumas instituições, meios de comunicação, modos de vida e outros aspectos da sociedade contemporânea. Os capítulos estão organizados, de forma geral, a mostrar inicialmente a vida dos personagens antes de um assassinato e em seguida, compreendendo a maior parte do filme, as mudanças que ocorrem devido a este fato.

Relações de Poder

As relações existem toda vez em que algo não pode dar conta de sua existência sozinha. É troca, comunicação. Mas, nem sempre é algo que une ou ligue duas coisas, conflitos e exclusão, também são exemplos de relações. Além disso, instituições, grupos, comunidade também estabelecem relações. O poder também pode ser entendido como relação, sendo uma prática em que tiro, exproprio o poder (entendendo como capacidades, recursos, qualidades) de outros ou, coloco o meu poder a serviço de outros. (GUARESCHI, P. 2009)

Cenas do Filme

Cena 1:

15min 30’ – Jack embaixo de uma estátua, conversando com o boneco Pinóquio que acaba de ganhar de uma criança:

- Já leu Nietzsche?

- Ele disse que há dois tipos de pessoa. Gente destinada à grandeza, como Walt Disney e Hitler. E há o resto, nós. Ele nos chamava de malfeitos e remendados. Ficamos empolgados, às vezes quase nos tornamos grandes, mas nunca conseguimos. Nós somos bucha de canhão. Empurram-nos diante de trens, nos envenenam com aspirinas, somos mortos em supermercados. Sabe o novo título da minha biografia, meu amiguinho? “Não era uma festa - A história de Jack Lucas.” Gostou? “Uma droga de festa Nouveau.”

(...)

Cena 2:

17 min 30’ – Jack na beira do rio, até que chegam dois homens:

- O que há? Perguntei o que há? O que faz aqui cara?

Enquanto batem em Jack.

- Não deveria estar nesse bairro!

- Estava indo embora.

- Investem dinheiro suado aqui. Não é justo. Olham pela janela para ver vocês dormindo na rua.

- Concordo. Ótimo, muito bem.

- Acredita neste bêbado? Nem eu! Jogue!

E jogam gasolina em cima de Jack.

Reflexão

A partir do conceito de relações de Guareschi (2009), podemos identificar exemplos de relação de poder nas cenas acima descritas, uma vez que o poder seja conceituado como serviço, expropriação do outro.

Na cena 2, podemos observar que há uma relação de expropriação de poderes inicialmente de maneira indireta, quando se caracteriza o personagem como um mendigo, e com isso entende-se que dorme na rua e então não merece estar naquele espaço territorial, não é seu espaço.

Na cena 1, há uma relação de poder que se dá pela expropriação do poder simbólico. No caso da cena, um personagem perde o seu estereótipo positivo, ao perder o seu emprego, que era a fonte de seu capital simbólico e status social.

Práticas Culturais

Cultura sempre possui uma origem, uma história. Criações simbólicas (símbolos que contêm sentidos que só podem ser interpretados dentro de determinados referenciais) constituem o cerne da cultura. Criações sociais e simbólicas são então, relações humanas solidificadas, institucionalizadas que todos os grupos sociais criam e se legitimam por eles. (GUARESCHI, P. 2009)

Cenas do Filme

Cena 1:

1min 30’ – Cena no rádio, conversa entre locutor e ouvinte:

- Diga a quanto tempo você e o senador Payton estão tendo essa caso vulgar? Isso é ótimo.

- É revoltante. Estou cansada dessa invasão de nossa vida privada.

- Você transou com um senador no estacionamento do Sea World. E ainda quer privacidade? Não, você é a nossa celebridade! Queremos saber o que aconteceu nas limusines. E sobre as vidas arruinadas que invejamos. Novos usos das rolhas de champanhe.

- Já fui bastante humilhada!

- Talvez não queremos os detalhes!

- Você é um porco Jack.

Cena 2:

1h 20m – Anne arrumando a Lenny

- Alguém especial em sua vida?

- Pareço ter alguém especial na vida?

- Não fale assim. Não é uma idéia tão absurda. É saudável, trabalha e não é vesga nem nada.

- Não, não há ninguém especial.

- Está bem. Ótimo.

- Não é fácil hoje em dia e com essa idade?

- O que?

- Conhecer pessoas.

- Namoro a mais tempo que dirijo. Não acredito.

- Eu nunca namorei ninguém.

Reflexão

A partir do conceito de Guareschi (2009), acerca de práticas culturais, podemos observar na Cena 1, uma estratégia cultural sutil, como a do acordo comum de que senadores são pessoas de uma faixa econômica privilegiada, que dirige limusines, bebe champanhe, ou seja, apresenta determinados sinais de distinção de outras pessoas, assim, este hábito cultural prende tanto quem observa quanto quem faz parte deste grupo.

Já na Cena 2, podemos observar aspectos como alguns rituais culturais que se instituíram próprios para o namoro, por exemplo. No qual se inicia com a preparação para o encontro, à medida que ela se arruma especialmente para tal ocasião, ou a subordinação aos imperativos da beleza padrão. Ou ainda, o fato de ser um encontro armado às escondidas.

É possível perceber também a dinâmica das práticas culturais que vão se modificando com o tempo, como a presente na cena 2, que aos poucos vão adquirindo componentes diferentes, ou como na cena 1, um aspecto que continua essencialmente presente na sociedade atual.

Ideologia

Há muitas definições de ideologia, que pode ser entendida como uma prática ou estratégia que cria ou reproduz relações desiguais, injustas, de dominação. Conforme Guareschi (2009, p. 77) “John B. Thompson, talvez o autor que melhor discute ideologia, a define como sendo o emprego (a prática) de formas simbólicas para criar e reproduzir relações de dominação.”

Cenas

Cena 1

1min 30’ – Cena no rádio, conversa entre locutor e ouvinte:

- Diga a quanto tempo você e o senador Payton estão tendo essa caso vulgar? Isso é ótimo.

- É revoltante. Estou cansada dessa invasão de nossa vida privada.

- Você transou com um senador no estacionamento do Sea World. E ainda quer privacidade? Não, você é a nossa celebridade! Queremos saber o que aconteceu nas limusines. E sobre as vidas arruinadas que invejamos. Novos usos das rolhas de champanhe.

- Já fui bastante humilhada!

- Talvez não queremos os detalhes!

- Você é um porco Jack.

Cena 2

37min Anne conversando com Parry

- Sabe de uma coisa? Eu me sinto amaldiçoado.

- Deixe disso! As coisas vão mudar.

- Parece que atraio encrenca. Com tanta gente, conheci justo o marido de alguém que matei.

- Não matou ninguém, pare com isto.

- Queria poder apenas pagar a multa e ir embora.

Reflexão

As estratégias ideológicas podem ser vistas nas cenas acima descritas:

A cena 1, nos mostra como a ideologia é utilizada como legitimação de um determinado grupo social. Os senadores, pela posição que ocupam no cenário social, são detentores de, a exemplo da cena, carros e um padrão de vida luxuoso, que já é tão enraizado, que faz parecer que uma coisa legitima a outra.

A cena 2, traz a questão da naturalização, onde parece que já é determinado que o dinheiro pode trazer a redenção frente à um arrependimento. O que parece é que não é cultural, mas que não há possibilidade contrária para a vida na sociedade senão a que valoriza acima de tudo os bens econômicos, então na medida em que se encontra um grupo que está excluído deste sistema, fica difícil a ação. Uma estratégia que mantém a situação de dominação do capitalismo, por exemplo.

Comunicação

Conforme Guareschi (2009, p. 82) citando Serge Moscovivi “o objeto central e exclusivo da Psicologia Social, deve ser o estudo de tudo o que se refira à ideologia e à comunicação, do ponto de vista de sua estrutura, sua gênese e sua função.” Uma vez que, ainda segundo Guareschi (2009) a comunicação é uma parte que está relacionada com qualquer instância social. Além disso, a comunicação constrói a realidade. (GUARESCHI, P. 2009)

Cenas do Filme

Cena 1:

0min45’ – No rádio:

- É segunda feira de manhã, e eu sou Jack Lucas.

- É sobre meu marido.

- Ele me deixa louca. Quando falo, ele nunca me deixa terminar uma frase.

- Sempre completa...

- Suas idéias. É horrível.

- Isso me deixa...

Deixa-a louca. É um cretino.

- Jack você... acertou...

- Acertei na mosca.

Cena 2:

8min05’ - Repórter na televisão:

- Jovens profissionais vão ao Babbit’s depois do expediente. Edwin Malnick chegou na hora de pico, às 19h15, deu uma boa olhada nas figuras interessantes da cidade, tirou uma arma do casaco e abriu fogo. Sete pessoas foram mortas antes de Malnick apontar para si e dar um tiro na cabeça. Assessores de Jack Lucas apresentaram seus sentimentos, mas não comentaram nada. Segundo vizinhos, Malnick era quieto e vivia só. “Mal o notávamos”, disse uma mulher, vizinha dele há 11 anos. Mas, hoje, poucos se esquecerão desse solitário que só conhecia o mundo pelo do rádio, que procurou amizade e encontrou dor e tragédia. Marc Saffron, Jornal do canal 7.

Reflexão

É possível perceber a conceituação de comunicação de Guareschi (2009) nas duas cenas, que exploram dois típicos meios de comunicação: a rádio e a televisão. Mais do que isso, a primeira cena nos mostra o rádio expondo a vida privada, sendo que a mídia um meio que se afirma à medida que cria costumes, relações, linguagens, expectativas. A comunicação tem sua função principal em criar e reproduzir a realidade, exercendo grande papel na vida das pessoas.

Podemos observar na Cena 2, o que Guareschi (2009) chama de “um novo personagem dentro de casa”. Podemos também estender a reflexão, uma vez que a mídia pode ser entendida como produtora de referencial simbólico regularmente mantido nas pessoas, que reflete o cotidiano, são também os meios de comunicação que possuem grandes ‘poderes’ na esfera midiática e que refletem o afastamento e a individualização presente na sociedade em que vivemos.

Representações Sociais

A representação social é um tipo de imagem compósita, vários referenciais, de conhecimento coletivo reificado que se aplica no conhecimento consensual.

Cenas do Filme

Cena 1:

58min 30’ Jack e Parry no Central Park

- Estamos em Nova York. Ninguém pode ficar nu aqui.

- É demais, é libertador. O ar no corpo, os mamilos duros, a coisa balançando!

- O que há? Está me irritando.

- Pelados bem no meio do parque!

- Não vou fazer isso, é loucura!

- Vou embora.

- Liberte-se!

Cena 2:

24min30’ – Parry e Jack na casa de Parry

- Adivinhe quem sou?

- Me deu branco.

- Adivinhe. Não falem!

- Deve ser um tipo de vigia.

- As vezes, tenho essa função, mas vou dar uma pista!

Parry segura uma espada.

- Acessório de mendigo.

- Sou um cavaleiro. Em missão especial. E preciso de ajuda.

Reflexão

A representação social se apresenta nas cenas descritas, como por exemplo, na cena 1, que apresenta a migração do saber jurídico de que é contra a lei ficar nu em locais públicos, para o senso comum do personagem que diz que tal feito é loucura, em uma espécie de aceitação de que as regras jurídicas ‘científicas’ precisam ser cumpridas sem questionamento, instalando-se no senso comum.

Enquanto na Cena 2, aparece no personagem os referenciais que ele têm, por sua trajetória enquanto professor de história, e que se instalam no seu modo de vida atual, no qual, considera ser um cavaleiro na busca do Graal. Reificando, assim, o conhecimento científico que por muitos anos teve contato, vivenciando-o.

Referências

GUARESCHI, P. Psicologia Social Crítica: como prática e libertação. 4 ed. rev. ampl. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009.

Pescador de Ilusões. Terry Gilliam. Estados Unidos: Columbia Pictures Corporation. 1991.


Daiana Cristina Rauber - Psicologia Social. II Período de Psicologia.

Entrevista com Psicóloga

Psicóloga – Irei contar um pouco de minha tragetória. Eu me formei na UNISINOS em 1999, fiz um ano aqui na UNIVALI, mas depois transferi pra UNISINOS pela congregação e também porque a UNISINOS tinha um nome muito forte no curso de psicologia, e de lá pra cá eu já atuei em diversas áreas. A primeira coisa que eu fiz depois de formada, não sei como funciona na UNIVALI, mas na UNISINOS a gente tem 3 tipos de estágios, o escolar, o empresarial e o clínico. E eu fiz 1 ano e meio de cada estágio, sem contar na psicopatologia que a gente faz 6 meses também, no hospital psiquiátrico. Então nesse umano e meio de cada estágio eu fui me definindo em que área que eu me dava melhor.O que era mais do meu perfil, e eu optei pela clínica. Então terminando a faculdade eu ainda tive que fazer especialização. Então eu fui fazer especialização em clínica e fui através da psicoterapia, da psicanálise, que eu fiz 7 anos de psicologia analítica na POA, depois fiz dinâmica de grupo pra trabalhar com isso, num instituto também em Porto Alegre, e dai eu comecei a trabalhar com consultório, atendendo uma hora por sessão com o referencial psicanalítico. Foco mais adulto e adolescente, não trabalho com criança, não tenho formação pra trabalhar com criança.

Além do trabalho de consultório, como psicóloga clínica, eu também faço psicodiagnóstico, e trabalho com recrutamento e seleção na área de Recursos Humanos, tanto na instituição que eu trabalho, aqui no lar Padre Jacó, como na rede Salesiana nos três Estados do sul do Brasil.

Acadêmicos - E como funciona depois da sessão? Você anota? Tem um registro? Como é feito depois que o paciente fala?

Psicóloga - No início, como eu falei pra vocês me formei em 99, não tinha prática com consultório, então muita coisa fazia mais com anotações, a cada paciente um intervalo, fazia algumas anotações. Hoje já com o desempenho que a gente tem, eu tenho uma ficha de cada paciente, que é obrigatório, também não vai saber tudo de cabeça, onde a gente tem alguns dados principais, e vou anotando nele as situações, o desenvolvimento, os testes que foram aplicados, os resultados de cada um, como se fosse um prontuário médico.

Acadêmicos - E é o suficiente pra te dar respaldo legal?

Psicóloga - É suficiente pra dar respaldo legal. Porque eu também trabalho com psicodiagnóstico, então a gente já sabe que tem que estar fazendo isso, quer dizer, eu faço um teste, eu tenho que dizer qual foi o teste que eu usei, que tipo de correção a gente fez e depois, pra poder dar um laudo né?

Acadêmicos - E como foi essa escolha pela psicologia clínica?

Psicóloga - É o que eu disse, como eu fiz os 3 estágios, dai a gente vai meio que percebendo, onde a gente gosta de atuar. E essa coisa do consultório, eu acho que é um vislumbre, de todos nós que entramos na área da psicologia, a gente sonha em ter o consultório, aquela coisa de estar atendendo individualmente cada pessoa. E o outro lado pra mim que foi a opção, é a própria formação que eu tenho como irmã salesiana, a congregação me disse: Olha a gente gostaria que você pegasse nessa linha, até pra poder “ta” acompanhando algumas situações de atendimento, uma formação, como algumas casas religiosas pedem pra gente fazer, então por isso eu optei pela clínica. Além do gosto de estar também no viés da necessidade.

Acadêmicos - O que fez você se identificar mais com a psicanálise do que com outras abordagens?

Psicóloga - Eu acredito que o próprio referencial da faculdade, eu não sei qual o foco da UNIVALI, mas dentro da UNISINOS a psicanálise é muito forte, e dentro da região que a gente morava ali, Porto Alegre também é bastante forte a psicanálise e a outra coisa é que eu me identifiquei muito com o método mesmo, não uso divã, não é ortodoxo, mais a gente trabalha muito com o potencial da fala, interpretação do sonho, abordagem do inconsciente. Trabalhamos com essas coisas, e o que me chamou atenção eu acho que foi bem esse meio acadêmico, quando a gente começa a mergulhar nas obras do Freud, entender um pouquinho do que é a metapsicologia, o que é o inconsciente.Na minha concepção, é uma linha que me responde mais.

Conheço outras, estudei outras, fiz algumas formações também, seminários, cursos, mas optei por psicanálise.

Acadêmicos - E se você fosse dizer as maiores dificuldades e os maiores benefícios vindos da parte clínica, quais seriam?

Psicóloga - A questão da dificuldade do clínico é porque passa uma situação meio solitária é você e o paciente, então eu diria assim, se pra mim fosse um grande problema, a dificuldade maior do consultório clínico é justamente manter uma demanda, porque não é uma coisa barata, você vai ter que ter sempre um fluxo de pacientes pra poder se manter.

Como eu não sobrevivo só disso né, como eu disse, eu já tenho outras áreas que eu trabalho, com RH, seleção, diagnóstico então já abri um leque de trabalho que fica mais fácil a questão econômica também e por outro lado a minha opção de vida também não é de sustentabilidade, então não sobrevivo da psicologia, então eu acho que a maior dificuldade do psicólogo clínico hoje é ser reconhecido, em algumas situações como até a demanda, necessidade, tem gente que acha que psicólogo é coisa pra louco, então não vai, “ah, eu não preciso disso”, vai lá na vizinha e conversa, vai no amigo e conta os problemase recebe conselho, então uma das dificuldades que eu vejo é isso.

Na parte que eu vejo como vantagens é a possibilidade de ver a melhora das pessoas, o crescimento pessoal, uma pessoa que “ta” com uma dificuldade de se relacionar com o meio em que convive, ta com síndrome de pânico, com problema de depressão, e ao longo desse trabalho que vai sendo realizado consegue esse retorno, de uma convivência saudável, isso é muito bom.

Acadêmicos - Você já se deparou com alguma situação que o paciente te apresentou um diagnóstico e você achou que não teria condições de sozinha ajudá-lo?

Psicóloga - Sim, com certeza, isso é muito tranquilo, muito comum, já vou dizendo pra vocês, que não vão ser super-mulheres nem super-homens porque a gente não consegue fazer isso.Eu não trabalho até hoje sem supervisão, até porque a própria linha da psicanálise pede pra gente. Por mais que a gente tenha conhecimento, por mais que a gente tenha experiência, a gente pode errar no caminho, e quem tá na nossa frente é um ser humano, ele não pode ser cobaia, a gente tem que acertar.

Acadêmicos - E eles procuram, como que as pessoas chegam até o consultório?

Psicóloga - O cartão de visita do psicólogo é o boca a boca, um paciente que passou por você, assim como você vai marcar um dentista, um médico a vizinha diz ah eu conheço um bom, e vai. A maioria das vezes acontece assim, são pessoas que indicam, dão o telefone, fazem contato com a gente, a gente agenda uma primeira consulta e dai segue tranquilo o fluxo.


Acadêmicos: Ana Luiza de Souza, DAIANA CRISTINA RAUBER, DAIANE ORTIZ, gabriela Rodrigues Inthurn, VICTOR MOREIRA DE MORAES LOPES.

Ambientação Profissional - ii Período de psicologia.