Os olhos castanhos amarelados da curiosa esbugalharam-se, procurando ao redor de si algo que a desse direção. E, por incrível que pareça, ela cuidadosa e delicadamente apertou o botão do interruptor e o desligou.
Foi quando a luz apagou.
No escuro, a curiosa se sentia a vontade. Dessa maneira, ela possuía um mundo inteiro para redescobrir, tudo seriam novidades. E ela poderia ficar o tempo que quisesse matutando sobre o que julgasse necessário, sem perceber as paredes do quarto cor de âmbar ao entardecer. A moça não via o tempo passar no escuro. O mais surpreendente, era que todas as vezes que fazia isso, tropeçava em algo que deixara espalhado pelo chão do piso recém lustrado. Nessa movimentação toda, uma pequena brecha da cortina de tecido leve, deixou escapar uma beira de luz. O que a instigou muito.
Foi quando tropeçou.
E tropeçou em algo que ela conhecia, utilizava de vez em quando, mas sempre esquecia onde guardava. Tropeçou na sua consciência. Na consciência que aprendeu a deixar guardada, trancafiada em uma espécie de caixinha. Uma caixinha difícil de abrir e libertar. A caixinha não era azul, nem vermelha. Não era de vidro, nem de madeira. Mas, a caixinha existia e a consciência também. Dessa vez, sem nenhuma ajuda mecânica, mas, por deixar fluir o pensamento, viu que não poderia confiar plenamente em seus sentidos, no que as outras pessoas definiam como certo ou errado, como bonito ou feio, como palpável, real ou como impossível, ilusão.
Foi quando percebeu que de vez em quando o escuro faz bem para ver tudo que se vê.
A curiosa, foi tentando abrir a caixinha. Fez parte de um processo essa ruptura. Precisou esvaziar suas mãos, concentrar-se naquilo que fazia, sentir-se independente de qualquer outro conceito, se não o seu e tentar entender o sistema que queria fechar, para conseguir abrir. A luta contra a caixinha que havia dentro dela, era a mais difícil de todas já enfrentadas antes. Assim como é a mais intensa, a mais decisiva, mais importante e constante. Depois de aberta, ela transborda.
Foi quando a luz acendeu.
E fez com que ela observasse que depois de aberta, não queria de jeito nenhum fechá-la, afinal, era maravilhosa a sensação de controle de si mesmo, dos seus pensamentos, das suas próprias interpretações. De desconfiar, duvidar, e ter coragem para fazer diferente. Só que isso, ah espect atores... Isso é mais difícil quando as luzes do teatro se acendem, e todos estão interpretando, satisfeitos com o teatro, enquanto quem abre a caixinha quer sair daí. Quer improvisar, criar o próprio texto, viver intensamente as cenas, criar uma nova peça. Quebrar as regras, abolir o texto, as cenas, as peças e entender, e viver. A menina curiosa, constatou que isso é mais difícil quando a luz acende e você além de enxergar seus ideais, enxerga que poucas pessoas resistem ao brilho da indiferença, a luminosidade e conveniência da conformidade.
Foi quando a luz fez arder seus olhos.
Os olhos dela arderão ainda mais, e nenhum eufemismo de efeito colírio ajudará. Creio que o potencial para manter a caixinha aberta, e a consciência livre não se perderão, e se bem exercitados se expandirão para muito além de qualquer concepção expressável a alguém que não esteja abrindo sua caixinha. Muitos tentarão convence-lá a fechar os olhos para que não ardam mais. Só que não percebem, que esse empecilho incomodo, não é nada a se comparar com a ardência da curiosidade de ter um mundo inteiro para redescobrir. Nem essa ardência é pior do que estar com os olhos fechados.
Foi quando ela decidiu assumir seu desejo indiscreto de saber.
Foi quando a luz apagou.
No escuro, a curiosa se sentia a vontade. Dessa maneira, ela possuía um mundo inteiro para redescobrir, tudo seriam novidades. E ela poderia ficar o tempo que quisesse matutando sobre o que julgasse necessário, sem perceber as paredes do quarto cor de âmbar ao entardecer. A moça não via o tempo passar no escuro. O mais surpreendente, era que todas as vezes que fazia isso, tropeçava em algo que deixara espalhado pelo chão do piso recém lustrado. Nessa movimentação toda, uma pequena brecha da cortina de tecido leve, deixou escapar uma beira de luz. O que a instigou muito.
Foi quando tropeçou.
E tropeçou em algo que ela conhecia, utilizava de vez em quando, mas sempre esquecia onde guardava. Tropeçou na sua consciência. Na consciência que aprendeu a deixar guardada, trancafiada em uma espécie de caixinha. Uma caixinha difícil de abrir e libertar. A caixinha não era azul, nem vermelha. Não era de vidro, nem de madeira. Mas, a caixinha existia e a consciência também. Dessa vez, sem nenhuma ajuda mecânica, mas, por deixar fluir o pensamento, viu que não poderia confiar plenamente em seus sentidos, no que as outras pessoas definiam como certo ou errado, como bonito ou feio, como palpável, real ou como impossível, ilusão.
Foi quando percebeu que de vez em quando o escuro faz bem para ver tudo que se vê.
A curiosa, foi tentando abrir a caixinha. Fez parte de um processo essa ruptura. Precisou esvaziar suas mãos, concentrar-se naquilo que fazia, sentir-se independente de qualquer outro conceito, se não o seu e tentar entender o sistema que queria fechar, para conseguir abrir. A luta contra a caixinha que havia dentro dela, era a mais difícil de todas já enfrentadas antes. Assim como é a mais intensa, a mais decisiva, mais importante e constante. Depois de aberta, ela transborda.
Foi quando a luz acendeu.
E fez com que ela observasse que depois de aberta, não queria de jeito nenhum fechá-la, afinal, era maravilhosa a sensação de controle de si mesmo, dos seus pensamentos, das suas próprias interpretações. De desconfiar, duvidar, e ter coragem para fazer diferente. Só que isso, ah espect atores... Isso é mais difícil quando as luzes do teatro se acendem, e todos estão interpretando, satisfeitos com o teatro, enquanto quem abre a caixinha quer sair daí. Quer improvisar, criar o próprio texto, viver intensamente as cenas, criar uma nova peça. Quebrar as regras, abolir o texto, as cenas, as peças e entender, e viver. A menina curiosa, constatou que isso é mais difícil quando a luz acende e você além de enxergar seus ideais, enxerga que poucas pessoas resistem ao brilho da indiferença, a luminosidade e conveniência da conformidade.
Foi quando a luz fez arder seus olhos.
Os olhos dela arderão ainda mais, e nenhum eufemismo de efeito colírio ajudará. Creio que o potencial para manter a caixinha aberta, e a consciência livre não se perderão, e se bem exercitados se expandirão para muito além de qualquer concepção expressável a alguém que não esteja abrindo sua caixinha. Muitos tentarão convence-lá a fechar os olhos para que não ardam mais. Só que não percebem, que esse empecilho incomodo, não é nada a se comparar com a ardência da curiosidade de ter um mundo inteiro para redescobrir. Nem essa ardência é pior do que estar com os olhos fechados.
Foi quando ela decidiu assumir seu desejo indiscreto de saber.