- Não vou falar, também não vou acumular um rascunho sentimental. Eu lembro bem de tudo, e se eu viver até lá, penso que não vou insistir. Penso que vou reavaliar, e não vou mais pensar nisso. Não vou mais insistir.
Foi assim que encontrei o papel amassado com mais emoção de toda história da minha vida. Mas, quem foi embora foi ela, quando decidiu que não se empenharia. Foi como atirar em alguém que desarmou você. É como gastar tempo de uma breve vida, na maior besteira que você já ouviu falar. É como rascunhar linhas, do que poderia ter sido o mais belo conto.
Lembro de quando ela discutiu com seus princípios, nunca vi alguém tão teimosa, nem que esteja tão propícia a mudar de idéias, com seus pensamentos frenéticos e cautelosos que só ela é capaz. Deitada com a cabeça em minha perna esquerda, deixando seus cabelos completamente fora do eixo, com os pés balançando no braço do sofá, ela dizia, ela berrava, ela sussurava - Eu quero me contentar, quero conseguir ouvir uma música e esquecer todo este turbilhão. Não consigo ficar sozinha, não consigo ficar em silêncio. Eu quero mais de mim, eu não quero você.
Ela secava minhas fontes, matava meu ego, mas não era por manipulação. Ao contrário, ela dizia o que precisava, o que realmente queria dizer. Essa lembrança me incomoda. Me incomoda esse riso-suspiro que ela desperta mesmo longe de mim. Quando acordava de manhã, se arrastava até a torneira com a água mais gelada que podia encontrar, e formava uma poça de água em suas mãos não tão frias. Então, apertarva seus dedos no rosto, esfregava os olhos e paralisava todos os músculos faciais. Não queria expressões, ela não queria riscos. Um desenho sem cor, uma tela covarde.
Um mistério que eu desfiz, desfiz o caminho para desvendar. Se eu desvendasse, não me surpreenderia, eu não desejaria. Nossa história se estragaria. Eu fugiria, eu fugiria dela de qualquer jeito. Não seria capaz de suportar sua liberdade, não suportaria ela sendo ela, nada mais que ela. Sendo capaz de libertar-se dela, e ser tudo mais.
Depois de tanto tempo, não posso falar, nem agir como se o destino fosse o responsável por tudo. Eu poderia ter ficado em silêncio, e não teríamos dúvidas, seria fácil parar. Ninguém veria nosso lado de dentro. Mas não posso me esconder de mim mesmo. Eu sempre soube, e vou saber quando estiver lá, longe. Sempre foi diferente, incrível, e é possível, é factível, mas é só um devaneio. Minha fantasia real. É estranho, mas não é nada de mais.
Ela não acreditava no amor, ela não acreditava em mim, ela não acreditou em nada. Ela acreditou com tudo o que tinha. Eu acreditei nela, acreditei em meus falhos sentidos, acreditei em tudo. Mas não acreditei com nada. Eu disse a ela que iria embora. Vai passar. Mas, eu lembro bem de tudo. Não vou falar, também não vou acumular um rascunho sentimental. E, se eu viver até lá, penso que não vou insistir. Penso que vou reavaliar. Nada vai restar, e não vou mais pensar nisso, não vou mais insistir.
Vou amassar esse rascunho, e deixar casualmente ao lado de seu café preto e sem açúcar. Com toda emoção que eu não desejei ter. E irei embora, vou destruir qualquer chance de rever alguma de suas originalidades. Não me permito inovar, não, porque nunca me permitirei arriscar no que vale a pena.
Com toda efemeridade que eu posso deixar, e nenhum vestígio de amor. Foi o que restou de
Meu admirador secreto.
Foi assim que encontrei o papel amassado com mais emoção de toda história da minha vida. Mas, quem foi embora foi ela, quando decidiu que não se empenharia. Foi como atirar em alguém que desarmou você. É como gastar tempo de uma breve vida, na maior besteira que você já ouviu falar. É como rascunhar linhas, do que poderia ter sido o mais belo conto.
Lembro de quando ela discutiu com seus princípios, nunca vi alguém tão teimosa, nem que esteja tão propícia a mudar de idéias, com seus pensamentos frenéticos e cautelosos que só ela é capaz. Deitada com a cabeça em minha perna esquerda, deixando seus cabelos completamente fora do eixo, com os pés balançando no braço do sofá, ela dizia, ela berrava, ela sussurava - Eu quero me contentar, quero conseguir ouvir uma música e esquecer todo este turbilhão. Não consigo ficar sozinha, não consigo ficar em silêncio. Eu quero mais de mim, eu não quero você.
Ela secava minhas fontes, matava meu ego, mas não era por manipulação. Ao contrário, ela dizia o que precisava, o que realmente queria dizer. Essa lembrança me incomoda. Me incomoda esse riso-suspiro que ela desperta mesmo longe de mim. Quando acordava de manhã, se arrastava até a torneira com a água mais gelada que podia encontrar, e formava uma poça de água em suas mãos não tão frias. Então, apertarva seus dedos no rosto, esfregava os olhos e paralisava todos os músculos faciais. Não queria expressões, ela não queria riscos. Um desenho sem cor, uma tela covarde.
Um mistério que eu desfiz, desfiz o caminho para desvendar. Se eu desvendasse, não me surpreenderia, eu não desejaria. Nossa história se estragaria. Eu fugiria, eu fugiria dela de qualquer jeito. Não seria capaz de suportar sua liberdade, não suportaria ela sendo ela, nada mais que ela. Sendo capaz de libertar-se dela, e ser tudo mais.
Depois de tanto tempo, não posso falar, nem agir como se o destino fosse o responsável por tudo. Eu poderia ter ficado em silêncio, e não teríamos dúvidas, seria fácil parar. Ninguém veria nosso lado de dentro. Mas não posso me esconder de mim mesmo. Eu sempre soube, e vou saber quando estiver lá, longe. Sempre foi diferente, incrível, e é possível, é factível, mas é só um devaneio. Minha fantasia real. É estranho, mas não é nada de mais.
Ela não acreditava no amor, ela não acreditava em mim, ela não acreditou em nada. Ela acreditou com tudo o que tinha. Eu acreditei nela, acreditei em meus falhos sentidos, acreditei em tudo. Mas não acreditei com nada. Eu disse a ela que iria embora. Vai passar. Mas, eu lembro bem de tudo. Não vou falar, também não vou acumular um rascunho sentimental. E, se eu viver até lá, penso que não vou insistir. Penso que vou reavaliar. Nada vai restar, e não vou mais pensar nisso, não vou mais insistir.
Vou amassar esse rascunho, e deixar casualmente ao lado de seu café preto e sem açúcar. Com toda emoção que eu não desejei ter. E irei embora, vou destruir qualquer chance de rever alguma de suas originalidades. Não me permito inovar, não, porque nunca me permitirei arriscar no que vale a pena.
Com toda efemeridade que eu posso deixar, e nenhum vestígio de amor. Foi o que restou de
Meu admirador secreto.