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quarta-feira, 24 de junho de 2009

A curiosa

Os olhos castanhos amarelados da curiosa esbugalharam-se, procurando ao redor de si algo que a desse direção. E, por incrível que pareça, ela cuidadosa e delicadamente apertou o botão do interruptor e o desligou.
Foi quando a luz apagou.
No escuro, a curiosa se sentia a vontade. Dessa maneira, ela possuía um mundo inteiro para redescobrir, tudo seriam novidades. E ela poderia ficar o tempo que quisesse matutando sobre o que julgasse necessário, sem perceber as paredes do quarto cor de âmbar ao entardecer. A moça não via o tempo passar no escuro. O mais surpreendente, era que todas as vezes que fazia isso, tropeçava em algo que deixara espalhado pelo chão do piso recém lustrado. Nessa movimentação toda, uma pequena brecha da cortina de tecido leve, deixou escapar uma beira de luz. O que a instigou muito.
Foi quando tropeçou.
E tropeçou em algo que ela conhecia, utilizava de vez em quando, mas sempre esquecia onde guardava. Tropeçou na sua consciência. Na consciência que aprendeu a deixar guardada, trancafiada em uma espécie de caixinha. Uma caixinha difícil de abrir e libertar. A caixinha não era azul, nem vermelha. Não era de vidro, nem de madeira. Mas, a caixinha existia e a consciência também. Dessa vez, sem nenhuma ajuda mecânica, mas, por deixar fluir o pensamento, viu que não poderia confiar plenamente em seus sentidos, no que as outras pessoas definiam como certo ou errado, como bonito ou feio, como palpável, real ou como impossível, ilusão.
Foi quando percebeu que de vez em quando o escuro faz bem para ver tudo que se vê.
A curiosa, foi tentando abrir a caixinha. Fez parte de um processo essa ruptura. Precisou esvaziar suas mãos, concentrar-se naquilo que fazia, sentir-se independente de qualquer outro conceito, se não o seu e tentar entender o sistema que queria fechar, para conseguir abrir. A luta contra a caixinha que havia dentro dela, era a mais difícil de todas já enfrentadas antes. Assim como é a mais intensa, a mais decisiva, mais importante e constante. Depois de aberta, ela transborda.
Foi quando a luz acendeu.
E fez com que ela observasse que depois de aberta, não queria de jeito nenhum fechá-la, afinal, era maravilhosa a sensação de controle de si mesmo, dos seus pensamentos, das suas próprias interpretações. De desconfiar, duvidar, e ter coragem para fazer diferente. Só que isso, ah espect atores... Isso é mais difícil quando as luzes do teatro se acendem, e todos estão interpretando, satisfeitos com o teatro, enquanto quem abre a caixinha quer sair daí. Quer improvisar, criar o próprio texto, viver intensamente as cenas, criar uma nova peça. Quebrar as regras, abolir o texto, as cenas, as peças e entender, e viver. A menina curiosa, constatou que isso é mais difícil quando a luz acende e você além de enxergar seus ideais, enxerga que poucas pessoas resistem ao brilho da indiferença, a luminosidade e conveniência da conformidade.
Foi quando a luz fez arder seus olhos.
Os olhos dela arderão ainda mais, e nenhum eufemismo de efeito colírio ajudará. Creio que o potencial para manter a caixinha aberta, e a consciência livre não se perderão, e se bem exercitados se expandirão para muito além de qualquer concepção expressável a alguém que não esteja abrindo sua caixinha. Muitos tentarão convence-lá a fechar os olhos para que não ardam mais. Só que não percebem, que esse empecilho incomodo, não é nada a se comparar com a ardência da curiosidade de ter um mundo inteiro para redescobrir. Nem essa ardência é pior do que estar com os olhos fechados.

Foi quando ela decidiu assumir seu desejo indiscreto de saber.

18 comentários:

Tute Braga disse...

Ei! Obrigada pela visita!!! o//
Concordo com vc, saber nunca é demias!
Aliás, quanto mais sei, mais eu descubro o que quanto ainda tenho pra aprender!!
Parabéns pelo blog!
=)

Bjs

Aimée Souto. disse...

Ooooi :P
hahaha. muito bom o teu comentário no meu blog :P
mas meu intuito não era ser agressiva :P nem 'obrigar' a comentarem!
gostei do texto, e do blog.
vou vir mais aqui.
beijo!

Jefferson Cristian Machado disse...

Simplesmente fantástico.

Jonathan disse...

Cara, isso me fez lembrar de "Matrix" e "Mito da caverna"

Mas com minhas palavras posso lhe dizer, todos nós no limitamosm, mas podemos ir além do que somos e do vemos e ouvimos.

Por trás desta cena, deste gosto, cor e tudo mais, a algo mais real, ou seja o real.

Do que adianta os olhos abertos se não usamos a mente para entendermos o nosso saber?

Do que adianta os olhos se não enxergamos além da cena colocada frente a nosso olhos, por trás há algo mais do que tudo isso.

Porém este gosto é bom, sabe-se lá o outro?

Mama disse...

Perfeito, só posso dizer isso!

JuANiTo disse...

Olha meus parabéns!
Excelente post!
É como dá liberdade a sua mente!
E deixar ela chegar onde quer...
E de fato conhecer o desconhecido!
Muito bom!
Abraço!

Kensie disse...

*-* , otimo ² , o blog é otimo...

Anônimo disse...

você é realmente muito comunicativa , adorei o post

Vini e Carol disse...

Nossa, achei que viria aqui e iria ler um texto entediante e grande, me enganei demais!
Muito bom.
Conseguiu mostrar um lado sensível da 'curiosidade', e realmente, ela é curiosa. rs

Muito bom mesmo.

Parabéns.

Beijos, Vini.

Unknown disse...

Libertou sua mente, melhor palavra a ser usada, parabens pelo post, muito bom :D

Erich Pontoldio disse...

A busca pelo conhecimento é parte da evolução que mora dentro de todos nós

Anônimo disse...

Querida amiga avassaladora...
Minha primeira visita, de muitas futuras.. gostei do conjunto da obra, especialmente da frase: Se minha vida não fala, não é minha boca que vai falar.
Mas, sua cronica esta bem interessante e sou capaz de apostar que há muito doque sua boca não diz nessas entrelinhas.
Sucesso pra ti

Caio Coletti disse...

"Desejo indiscreto de saber" acho que todos nós temos por natureza, não? Vivemos e muitas vezes passamos pela vida como se ela não pudesse e não devesse nos atingir. Se não a deixarmos aproximar, não viveremos uma vida que valha a pena. Gostei do seu texto, bem metafórico e bem criativo, parabéns pelo talento!

Abraço

P.S.: Tenho um blog, o http://ocontodogalo.blogspot.com/, que tem a proposta de, além de publicar meus textos, abrir espaço para o trabalho de outros blogueiros ser divulgado! Seria uma honra te ter por lá!

Kêenya Morais disse...

muiito liindo ameeeei *----*

FAGGH® disse...

Muuito bacana parabéns!
Excelente post!
www.celebritypoke.blogspot.com

Macaco Pipi disse...

É UMA ESCRITORA!

Marcos disse...

Parabéns, muito bom o seu trabalho!!

Continuarei acompanhando!

Abraço!
Até!

Jefferson Cristian Machado; disse...

Quanto orgulho de ver isso acontecer.